quinta-feira, setembro 22, 2011

O que o medo do abandono provoca


A incapacidade de esperar é justamente uma característica das pessoas que conservam parte de si parada nesta estação, um nenê sempre em busca de um peito para pendurar-se, sempre com medo de ser abandonado,desesperados, pressionados pelo tempo.
Quem fica neste estágio, carregando como questão básica na vida o medo do abandono e da perda, tem um núcleo depressivo na personalidade em função de seu desengano de haver esperado um bom contato de que necessitava e que não veio no tempo certo. Quando nascemos, abrimos a boca à espera do alimento físico e emocional.
Se não chega, ou chega de má qualidade, nos tornamos cronicamente insatisfeitos, tomados pela sensação de vazio, com um buraco no peito.
 Essa pessoa se arrisca a passar a vida toda na ilusão de a cada encontro ter achado a mãe idealde que tanto precisou e não teve. Esperará que o companheiro preencha seu
peito vazio até se convencer, depois de sucessivas desilusões, que terá de usar
sua própria energia para conseguir seu alimento físico e emocional.
Vejamos um exemplo de dificuldades na área, lembrando que o universo do cérebro límbico é o dos animais de sangue quente, como o cão.
Maria chega em casa como um cãozinho que se energiza inteiro com a aproximação do dono. Ou como a criança de peito que vibra dos pés à cabeça quando a mãe chega perto, e isto mostra que já há contato. Maria faz contato,
condição necessária, mas não suficiente, para uma comunicação madura.
Dentro dela, um nenê de peito ainda espera que o companheiro supra suas carências. Por isso, entrará em casa, por exemplo, falando muito, ansiosa por contar tudo. Trocando em miúdos, querendo despejar no marido as frustrações e alegrias do dia.
Tal qual uma criança pequena que precisa da mãe para elaborar suas experiências com as quais ainda não sabe lidar.
Isso é comum também com pais e mães em relação aos seus filhos.

Maria acreditará estar dando, quando tudo o que quer é receber. Ela é um saco sem fundo em sua exigência de afeto. Se o marido se distrai um segundo, sente-se ameaçada de abandono e a conversa degringola. Como não
tem muitos recursos para lidar com a frustração, não sabe o que fazer quando
se depara com limites como esse, que a realidade toda hora impõe.
Admitir a dependência e a necessidade de ser nutrida seria a única forma de Maria aceitar e providenciar ajuda eficiente. Não há outro jeito de crescer, a não ser aceitar os aspectos de nossa personalidade que nos amedrontam ou desagradam.
 

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