terça-feira, julho 31, 2012

O vazio que amamos

❝ (…) É isto que amamos nos outros: o lugar vazio que eles abrem para que ali cresçam as nossas fantasias. Buscamos, no outro, não a sabedoria do conselho, mas o silêncio da escuta; não a solidez do músculo, mas o colo que acolhe… Como seria bom se as outras pessoas fossem vazias como o céu, e não tão cheias de palavras, de ordens, de certezas. Só podemos amar as pessoas que se parecem com o céu, onde podemos fazer voar nossas fantasias como se fossem pipas…
 
 
— Rubem Alves.    via flores-na-varanda

segunda-feira, julho 30, 2012

Um ano sem Amy


Um ano se passou desde a partida de Amy Winehouse

O fato ainda gira em torno da causa, mas sabemos que isso não importa tanto nesse momento. Overdose, efisema pulmonar por causa do crack e do cigarro, bebidas, em fim... alguns sites dizem que o corpo da cantora entrou em colapso pela abstinência do álcool. Seu pai declarou que a filha estava em fase abstêmica.
 Amy deixou sua fortuna estimada em 25 milhões de dólares para pai e mãe, seu ex marido Blake, estava fora de seu testamento. Desde 2009, a intérprete de valerie foi 'apagando' o melhor de si, e se auto-destruindo aos poucos em imagem e como pessoa. Amy se envolveu-se novamente em escândalos de repercussão internacional. O fato é que, além do estado deplorável que se encontrava, a moça vivia um contante drama: ao mesmo tempo que seu corpo padecia, seu som e sua psique não eram mais os mesmos, entrou então em um momento difícil que só as melhores ajudas a livraria de sua tortura. 

Se quisermos entender o que causou a morte dela não devemos estudar a química das drogas que ela usou, mas que contingências a levaram a, num histórico de longa data, agir como agiu rumo a uma overdose fatal.
Algo sempre me chamou a atenção em Amy... o fato de uma de suas músicas de maior sucesso ser sobre uma garota que não quer ir para a Reabilitação, não quer largar as drogas. Me pergunto até que ponto isso não quer dizer que havia todo um meio de pessoas ao redor dela que faziam uso de sua imagem de "artista genial e drogada" para criar uma marca, um carisma doentio na cantora, e até incentivavam seus vícios.
O fato é que a cantora faz parte de uma geração de jovens da música que impulsionados pelo comportamento autodestrutivo, encontra nas drogas a sua FUGA. Fuga denotada por uma certa intolerância frustração, típica dos que encontram nas drogas, um certo alívio frente a sua realidade. As drogas nesse caso, trazem o fascínio de anestesiar-se de um mundo hostil ao seu dependente, mantendo-o no mundo das aparências da embriaguez das drogas. A sua música retratava em certa medida o que trazia em seu interior.
O abuso das drogas pode simbolizar o medo de novas experiências, comodismo e uma elevada pretensão de ficar bem o tempo todo, não passar por sofrimentos. De certa forma é uma atitude pueril, que não consegue lidar com as rejeições do mundo real. Ou no caso dela, a pressão do show biz. Amy era cercada por um enxame de aduladores e aproveitadores do showbiz. Aliás muito de seu encanto (ou desencanto) vinha das polêmicas divulgadas sobre sua vida afetiva e seu abuso de drogas. O showbiz é alimentado também porisso, por polêmicas com abusos de drogas.
Se Amy fosse certinha seria tão aclamada? No refrão de You know I’m no good , ela diz: "Traí a mim mesma. Como eu sabia que faria".
Alexander Lowen em seu livro O Corpo Traído ressalta o abuso de drogas, entre outras, a bebida. Denotando que é alvo daqueles que tem um comportamento dos que vivem entre a ilusão e a deseperação, formando um nó que vagarosamente estrangula a vida do indivíduo. Para ele o fato de embriagar-se, ao contrário do que pensamos, ocorre não porque a pessoa está mergulhada em seu desespero, mas sim como uma forma de evitar entrar em contato com seus sentimentos e mais uma vez, como forma de evitar a realidade. Admitir seu desespero o levaria a procurar ajuda. Mas como sabem aqueles que lidam com dependentes químicos, esta é a coisa mais difícil de fazê-lo admitir.
O dependente é uma pessoa desesperada que não pode confrontar seu desespero ou admitir a possibilidade de esperança. As suas ilusões o sustentam. A esperança é realista, uma vez que admite a possibilidade de desapontamentos. A ilusão, por outro lado, não permite dúvidas nem desafios. Nela, confunde-se necessidade com desejo.
“O indivíduo com ilusão de auto-importância pode ruir se a sua imagem egóica for fortemente contestada.”A. Lowen
A pessoa em processo de desesperação sente-se a beira de um abismo, aterrorizada com a idéia de que se soltar, mergulhará num desespero infindável. No caso o abismo é representado pela própria realidade que o cerca, afrontada pela lucidez da abstinência das drogas. O desafio de vida do dependente químico é aprender a posicionar-se ao invés de acovardar-se.
Me pergunto agora, assim como vocês podem estar se perguntando: que frustrações seriam estas diante de tanto talento, fama, dinheiro?
Já diz o poeta: “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”.

Deixo aqui algumas frases da cantora que podem simbolizar um pouco do que acabamos de refletir.
“Eu já morri centenas de vezes.”
“Desde pequena que escrevo canções, poemas e histórias.”
“As lembranças magoam a minha mente.”
“Assim que nos beijarmos, o sol se porá e passaremos à história.”
“Eu seria feliz a cantar em bandas cover para o resto de minha vida.”
“Se uma pessoa tem tendência para o vício, passa de um veneno para o outro.”
“Eu não sou religiosa. Acredito que fé é algo que serve para dar força. Acredito no destino, que as coisas acontecem por alguma razão.”
“Não há nada novo para aprender.”
“Gosto de me vestir como uma adolescente dos anos 60 ou como uma dona-de-casa daquela época. Eu própria escolho as peças, faço a minha maquiagem e os meus penteados.”
“A vida muda, meu irmão… Nunca mais voltamos a ser aquilo que éramos.”

http://catracalivre.folha.uol.com.br/2012/07/um-ano-sem-amy-winehouse-veja-e-ouca/

sábado, julho 28, 2012

Sexo para viagem









Viajar é, às vezes, fantasiar. Fantasias eróticas podem fazer parte do pacote: poder encontrar alguém interessante longe do olho ruim do vizinho, do controle familiar, da própria autocrítica. Não há nada de errado necessariamente com essa fantasia nem com o fato de que ela se realize; pode mesmo tornar-se uma experiência enriquecedora. Lembro bem de uma história significativa. A de um casal, que antes, não era casal, mas que se encontrou como casal, numa química irreversível,  vivendo um belo amor, e que deixou neles, mais do que sexo, uma marca de novas possibilidades de encantos e afeto. Para eles uma emancipação de que a vida urge, e nos sequestra sem sequer estarmos preparados.

Quem nunca assistiu ao filme Antes do Amanhecer?

Assim, um amor de viagem pode significar uma positiva energização das pessoas. Embora, é claro, possa também ser uma experiência desintegradora e negativa. Depende das pessoas envolvidas e de como, portanto, as coisas acontecem.

Neurótica é a polarização, fazer do sexo a única prioridade, única saída -

vou sair por ai porque aqui não posso me soltar. Ou vou sair por ai para transgredir, ser irresponsável já que lá ninguém me conhece.

Viajar é uma experiência rica e complexa.

É sair da toca, do conhecido, e olhar em torno, ver o mundo; é abrir-se para dimensões novas da existência humana. E isto, num certo momento da vida, pode incluir o abrir-se a novas relações amorosas como um fato positivo, enriquecedor.

Num outro vértice, viajar pode desenvolver a capacidade de ficar só, testar seus medos, expor-se ao desconhecido sem ter que se agarrar correndo em outras pessoas. Mostrar-se capaz de sobreviver sem os velhos hábitos.

 Um sujeito viciado em trabalho pode, por exemplo, sentir durante uma viagem as mesmas ansiedades e taquicardias de quem fica sem outras drogas.

Viajar pode ajudar a testar e desenvolver sua independência.

Sair da toca, do conhecido, e olhar em torno, ver o mundo; é abrir-se para dimensões novas da existência humana. E isto, num certo momento da vida, pode incluir o abrir-se a novas relações amorosas como um fato positivo, enriquecedor.
Sentir que seu chão está dentro de você e não num ponto especifico do universo, em algo externo.
É interessante ver como é falar a língua dos outros o dia inteiro, ou descobrir que, infelizmente, nós e eles não rimos das mesmas coisas.

Aprender a compreender a fala e os gestos dos outros nos ajuda a sair do nosso umbigo, enxergar o outro e aceitá-lo. Somos uma comunidade todos vivendo no pequeno planeta terra.

Num certo sentido, viajar nos distingue os répteis.
 O jacaré, por exemplo, só pensa em sobreviver; não fica longe de sua toca, da segurança e proteção. Sua questão existencial é sobreviver. Para nós, humanos, não basta sobreviver.

Queremos também viver. Para isso, às vezes, vale também sair por ai, pelo mundo afora, em busca de aventura.
Viajar, como aliás, toda experiência humana, pode tornar-se uma oportunidade de treino para morrer melhor: se a pessoa consegue sair da toca e viver outros mundos, desapegada de seu habitat conhecido, quem sabe se assustará menos quando até seu corpo não estiver na mala e só restar sua essência fazendo a grande viagem. Viajar é desenvolver a confiança de que a vida pode acontecer onde eu estiver.

quarta-feira, julho 11, 2012

Espelho


Perguntaram a Mahatma Gandhi quais são os fatores que destroem os seres humanos. Ele respondeu: "A Política, sem princípios; o Prazer, sem compromisso; a Riqueza, sem trabalho; a Sabedoria, sem caráter; os negócios, sem moral; a Ciência, sem humanidade; a Oração, sem caridade.

A vida me ensinou que as pessoas são amigáveis, se eu sou amável, que as pessoas são tristes, se estou triste; que todos me querem, se eu os quero; que todos são ruins, se eu os odeio, que há rostos sorridentes, se eu lhes sorrio, que há faces amargas, se eu sou amargo, que o mundo está feliz, se eu estou feliz, que as pessoas ficam com raiva quando eu estou com raiva, que as pessoas são gratas, se eu sou grato. A vida é como um espelho: se você sorri para o espelho, ele sorri de volta. A atitude que eu tome perante a vida é a mesma que a vida vai tomar perante mim.Quem quer ser amado, ama".


O caminho para a felicidade não é reto. Existem curvas chamadas EQUÍVOCOS, existem semáforos chamados AMIGOS,que nos alertam dos perigos ou que nos impulsiona à luta: LUZES de cautela chamadas FAMÍLIA,porque  muitas vezes a família nos atropela com o egoísmo sem se preocupar com as necessidades de cada um, e tudo se consegue se temos: um estepe chamado DECISÃO, um motor poderoso chamado AMOR, um bom seguro chamado Fé, combustível abundante chamado PACIÊNCIA e DETERMINAÇÃO mas acima de tudo, um motorista habilidoso chamado DEUS!


segunda-feira, julho 09, 2012

Seleção Natural



Somente uma pessoa amorosa, aquela que realmente é amorosa, pode encontrar o parceiro certo.

Essa é minha observação: se você está infeliz você irá encontrar alguém também infeliz. Pessoas infelizes são atraídas pelas pessoas infelizes. E isso é bom, é natural. É bom que as pessoas infelizes não sejam atraídas pelas pessoas felizes; senão elas destruiriam a felicidade delas.

 O semelhante atrai o semelhante.

Você encontra as pessoas do mesmo plano. Então a primeira coisa a lembrar é: um relacionamento está fadado a ser amargo se ele surgiu da infelicidade.

Primeiro seja feliz, seja alegre, seja festivo e então você encontrará alguma outra alma festiva e haverá um encontro de duas almas dançantes e uma grande dança irá surgir disso.

Não peça por um relacionamento a partir da solidão, não. Assim você estará indo na direção errada. Então o outro será usado como um meio e o outro lhe usará como um meio. E ninguém quer ser usado como um meio! Cada indivíduo único é um fim em si mesmo. É imoral usar alguém como um meio. Primeiro aprenda como ser só.

Se você puder ser feliz quando você está só, você aprendeu o segredo de ser feliz. Agora você pode ser feliz acompanhado. Se você é feliz, então você tem alguma coisa para compartilhar, para dar. E quando você dá, você obtém; não é de outra maneira. Assim surge uma necessidade de amar alguém.

Geralmente a necessidade é de ser amado por alguém. É a necessidade errada. É uma necessidade infantil; você não está amadurecido. É uma atitude infantil.

Uma criança nasce. Naturalmente, a criança não pode amar a mãe; ela não sabe o que é amar e ela não sabe quem é a mãe e quem é o pai. Ela está totalmente desamparada. Seu ser ainda está para ser integrado; ela ainda não está reunida. Ela é somente uma possibilidade.

A mãe precisa amar, o pai precisa amar, a família precisa banhar a criança de amor. Agora ela aprende uma coisa: que todos têm que amá-la. Ela nunca aprende que ela precisa amar. Agora a criança irá crescer e se ela permanecer presa nessa atitude de que todo mundo tem que amá-la, ela irá sofrer por toda sua vida. Seu corpo cresceu, mas sua mente permaneceu imatura.

Uma pessoa amadurecida é aquela que chega a conhecer a necessidade do outro: que agora tenho que amar alguém. A necessidade de ser amado é infantil, imatura. A necessidade de amar é maturidade.

E quando você está preparado para amar alguém, um belo relacionamento irá surgir; de outra maneira não.


palavrasdeosho

O filho do outro é um presente

  Se você se relaciona com alguém que tem filhos saiba que tudo que esse filho traz junto com ele é, de algum forma, um tipo de aprendizado ...