Viajar é, às vezes, fantasiar. Fantasias eróticas podem fazer parte do pacote: poder encontrar alguém interessante longe do olho ruim do vizinho, do controle familiar, da própria autocrítica. Não há nada de errado necessariamente com essa fantasia nem com o fato de que ela se realize; pode mesmo tornar-se uma experiência enriquecedora. Lembro bem de uma história significativa. A de um casal, que antes, não era casal, mas que se encontrou como casal, numa química irreversível, vivendo um belo amor, e que deixou neles, mais do que sexo, uma marca de novas possibilidades de encantos e afeto. Para eles uma emancipação de que a vida urge, e nos sequestra sem sequer estarmos preparados.
Quem nunca assistiu ao filme Antes do Amanhecer?
Assim, um amor de viagem pode significar uma positiva energização das pessoas. Embora, é claro, possa também ser uma experiência desintegradora e negativa. Depende das pessoas envolvidas e de como, portanto, as coisas acontecem.
Neurótica é a polarização, fazer do sexo a única prioridade, única saída -
vou sair por ai porque aqui não posso me soltar. Ou vou sair por ai para transgredir, ser irresponsável já que lá ninguém me conhece.
Viajar é uma experiência rica e complexa.
É sair da toca, do conhecido, e olhar em torno, ver o mundo; é abrir-se para dimensões novas da existência humana. E isto, num certo momento da vida, pode incluir o abrir-se a novas relações amorosas como um fato positivo, enriquecedor.
Num outro vértice, viajar pode desenvolver a capacidade de ficar só, testar seus medos, expor-se ao desconhecido sem ter que se agarrar correndo em outras pessoas. Mostrar-se capaz de sobreviver sem os velhos hábitos.
Um sujeito viciado em trabalho pode, por exemplo, sentir durante uma viagem as mesmas ansiedades e taquicardias de quem fica sem outras drogas.
Viajar pode ajudar a testar e desenvolver sua independência.
É interessante ver como é falar a língua dos outros o dia inteiro, ou descobrir que, infelizmente, nós e eles não rimos das mesmas coisas.
Aprender a compreender a fala e os gestos dos outros nos ajuda a sair do nosso umbigo, enxergar o outro e aceitá-lo. Somos uma comunidade todos vivendo no pequeno planeta terra.
Num certo sentido, viajar nos distingue os répteis.
O jacaré, por exemplo, só pensa em sobreviver; não fica longe de sua toca, da segurança e proteção. Sua questão existencial é sobreviver. Para nós, humanos, não basta sobreviver.
Queremos também viver. Para isso, às vezes, vale também sair por ai, pelo mundo afora, em busca de aventura.
Viajar, como aliás, toda experiência humana, pode tornar-se uma oportunidade de treino para morrer melhor: se a pessoa consegue sair da toca e viver outros mundos, desapegada de seu habitat conhecido, quem sabe se assustará menos quando até seu corpo não estiver na mala e só restar sua essência fazendo a grande viagem. Viajar é desenvolver a confiança de que a vida pode acontecer onde eu estiver.
O jacaré, por exemplo, só pensa em sobreviver; não fica longe de sua toca, da segurança e proteção. Sua questão existencial é sobreviver. Para nós, humanos, não basta sobreviver.
Queremos também viver. Para isso, às vezes, vale também sair por ai, pelo mundo afora, em busca de aventura.
Viajar, como aliás, toda experiência humana, pode tornar-se uma oportunidade de treino para morrer melhor: se a pessoa consegue sair da toca e viver outros mundos, desapegada de seu habitat conhecido, quem sabe se assustará menos quando até seu corpo não estiver na mala e só restar sua essência fazendo a grande viagem. Viajar é desenvolver a confiança de que a vida pode acontecer onde eu estiver.
Nossa, é muito forte isso que vc escreveu... aconteceu comigo. sempre bom poder se dar oportunidades de sair da toca e ver o mundo de outro jeito..
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAchei incrível! Vc tá mesmo inspirada! Tá linda!
ResponderExcluirbeijos
Pedro
Viajo diversas vezes e sempre volto diferente!
ResponderExcluirGosto da forma como vc escreveu isso de uma forma tao simples... aproveito p compartilhar q certa vez numa viajem encontrie uma mulher por quem me apaixonei intensamente e qdo voltei achei q era pura fuga... mas aproveito p dizer que estou c ela até hj, e nisso já se passaram 5 anos! Estou muito feliz!
ResponderExcluirViajar é deixar a vida acontecer! Gostei muito da sua ideia! Vamos viajar?
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