quinta-feira, julho 28, 2011

Infinita Amy

Nesta última terça feira foi cremado o corpo da cantora Amy Winehouse, aos 27 anos.
 O fato agora gira em torno da causa, mas sabemos que isso não importa tanto nesse momento. Overdose, efisema pulmonar por causa do crack e do cigarro, bebidas, em fim... alguns sites dizem que o corpo da cantora entrou em colapso pela abstinência do álcool. Amy deixou sua fortuna estimada em 25 milhões de dólares para pai e mãe, seu ex marido Blake, estava fora de seu testamento.
Se quisermos entender o que causou a morte dela não devemos estudar a química das drogas que ela usou, mas que contingências a levaram a, num histórico de longa data, agir como agiu rumo a uma overdose fatal.
Algo sempre me chamou a atenção em Amy... o fato de uma de suas músicas de maior sucesso ser sobre uma garota que não quer ir para a Reabilitação, não quer largar as drogas. Me pergunto até que ponto isso não quer dizer que havia todo um meio de pessoas ao redor dela que faziam uso de sua imagem de "artista genial e drogada" para criar uma marca, um carisma doentio na cantora, e até incentivavam seus vícios.
O fato é que a cantora faz parte de uma geração de jovens da música que impulsionados pelo comportamento autodestrutivo, encontra nas drogas a sua FUGA.  Fuga  denotada por uma certa intolerância frustração, típica dos que encontram nas drogas, um certo alívio frente a sua realidade. As drogas nesse caso, trazem o fascínio de anestesiar-se de um mundo hostil ao seu dependente, mantendo-o no mundo das aparências da embriaguez das drogas. A sua música retratava em certa medida o que trazia em seu interior.
 O abuso das drogas pode simbolizar o medo de novas experiências, comodismo e uma elevada pretensão de ficar bem o tempo todo, não passar por sofrimentos.  De certa forma é uma atitude pueril,  que não consegue lidar com as rejeições do mundo real. Ou no caso dela, a pressão do show biz.  Amy era cercada por um enxame de aduladores e aproveitadores do showbiz. Aliás muito de seu encanto (ou desencanto) vinha das polêmicas divulgadas sobre sua vida afetiva e seu abuso de drogas. O showbiz é alimentado também porisso, por polêmicas com abusos de drogas.
Se Amy fosse certinha seria tão aclamada?  No refrão de You know I’m no good , ela diz: "Traí a mim mesma. Como eu sabia que faria".
Alexander Lowen em seu livro o corpo traído ressalta o abuso de drogas, entre outras, a bebida. Denotando que é alvo daqueles que tem um comportamento dos que vivem entre  a ilusão e a deseperação, formando um nó que vagarosamente estrangula a vida do indivíduo. Para ele o fato de embriagar-se, ao contrário do que pensamos, ocorre não porque a pessoa está mergulhada em seu desespero, mas sim como uma forma de evitar entrar em contato com seus sentimentos e mais uma vez, como forma de evitar a  realidade. Admitir seu desespero o levaria a procurar ajuda. Mas como sabem aqueles que lidam com dependentes químicos, esta é a coisa mais difícil de fazê-lo admitir.
O dependente é uma pessoa desesperada que não pode confrontar seu desespero ou admitir  a possibilidade de esperança. As suas ilusões o sustentam. A esperança é realista, uma vez que admite a possibilidade de desapontamentos. A ilusão, por outro lado, não permite dúvidas nem desafios. Nela, confunde-se necessidade com desejo.
“O indivíduo com ilusão de auto-importância pode ruir se a sua imagem egóica for fortemente contestada.”A. Lowen
A pessoa em processo de desesperação sente-se a beira de um abismo, aterrorizada com a idéia de que se soltar, mergulhará num desespero infindável. No caso o abismo é representado pela própria realidade que o cerca, afrontada pela lucidez da abstinência das drogas. O desafio de vida do dependente químico é aprender a posicionar-se ao invés de acovardar-se.
Me pergunto agora, assim como vocês podem estar se perguntando: que frustrações seriam estas diante de tanto talento, fama, dinheiro?
Já diz o poeta: “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”.
Deixo aqui algumas frases da cantora que podem simbolizar um pouco do que acabamos de refletir.
“Eu já morri  centenas de vezes.”
 “Desde pequena que escrevo canções, poemas e histórias.”
 “As lembranças magoam a minha mente.”
 “Assim que nos beijarmos, o sol se porá e passaremos à história.”
 “Eu seria feliz a cantar em bandas cover para o resto de minha vida.”
 “Se uma pessoa tem tendência para o vício, passa de um veneno para o outro.”
 “Eu não sou religiosa. Acredito que fé é algo que serve para dar força. Acredito no destino, que as coisas acontecem por alguma razão.”
 “Não há nada novo para aprender.”
 “Gosto de me vestir como uma adolescente dos anos 60 ou como uma dona-de-casa daquela época. Eu própria escolho as peças, faço a minha maquilhagem e os meus penteados.”
 “A vida muda, meu irmão… Nunca mais voltamos a ser aquilo que éramos.”





O filho do outro é um presente

  Se você se relaciona com alguém que tem filhos saiba que tudo que esse filho traz junto com ele é, de algum forma, um tipo de aprendizado ...