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domingo, novembro 06, 2011
Sobre mães e filhas - parte I
Várias são as mulheres que se questionam se devem ou não tornarem-se mães. Eu como não sei a resposta, fico aqui com a função de sempre: questionar!
Mas quero especificamente falar hoje de algo que me assombra, não tanto como no passado, visto que tenho anos trabalhado para melhorar algo que faz parte de minha história pessoal. Algo no qual luto todos os dias..
mas como definiria esse assunto?
Problemas entre mãe e filha?
Mas não seria apenas isso.
Trata-se de uma mãe que descontou seus problemas na filha?
Não sei! Hoje, aos 30 anos desisti de entender minha mãe!
Resolvi apenas me entender e me aceitar com toda minha história, tendo ou não uma mãe que me aceitasse. Aliás, hoje isso nem importa tanto mais.
Isso é apenas o pano de fundo, dito isto gostaria de apontar algumas questões à respeito...
Na relação mãe-filha é comum haver uma mistura de identidades, na qual uma compensa as faltas da outra. Por exemplo, se a mãe é infantil, a filha tende a ser mais madura, se a mãe é irresponsável, a filha tende a se ocupar das responsabilidades que cabem a esta mãe, se a mãe não teve, por sua vez, uma mãe suficientemente boa, ela apresentará muita dificuldade em dar a filha àquilo que não recebeu, e nestes casos há uma questão transgeracional, pois esta filha também ficará privada desta experiência e por sua vez também não terá de onde resgatar e proporcionar a sua filha, etc.
Muitas vezes, na relação com a própria filha, a mãe tenta compensar a relação mãe e filha que gostaria de ter e não teve, e a filha se sentirá encarregada de ser uma mãe para a própria mãe e começará a cuidar da mãe: lembrando-a dos compromissos, responsabilidades, ajudando com a casa, com os irmãos e dando conselhos. Outras vezes, a mãe frustrou-se demasiado com a sua própria mãe, e sem perceber, inconscientemente, faz com que a filha pague esta conta, não encontrando em si possibilidade de ser uma mãe presente, interessada e que respeita a individualidade da filha. Isto pode acontecer por um sentimento de inveja ou vingança inconsciente, pois lhe dói ver a filha receber algo que ela não recebeu. Esta dor a impedirá de proporcionar cuidados à filha, a qual se sentirá abandonada. Nestas ocasiões, também pode acontecer o oposto, uma vez que a mãe não recebeu aquilo que lhe parecia justo, então para não repetir o erro de sua mãe, ou para se recompensar da relação de intimidade entre mãe e filha que não viveu, cobrirá a filha de atenção transformando esta filha no objeto de interesse principal de sua vida. Nestes casos, além de sufocar a filha, um dia, esta mãe cobrará caro por tanta dedicação e a filha poderá sentir que possui uma dívida impagável com a sua mãe. A única maneira de cortar qualquer um desses ciclos viciosos entre mãe e filha é obtendo consciência da força motriz que movimenta esta relação tão delicada.
Desde a gravidez começam as projeções repletas de sonhos, expectativas, fantasias e desejos sobre a bebezinha que ainda nem chegou ao mundo, e assim, quando a filha nasce, ela já chega carregada de projetos e incumbências. Portanto as mães que estão tendo contato com este conhecimento, saibam que ter consciência disso já é o primeiro passo para aliviar a carga repleta de sonhos maternos dos ombros de suas filhas. Mesmo que a sua filha já esteja bem grandinha, seja até casada, ou até já possua seus próprios filhos, este saber pode fazer toda a diferença para resgatar a boa relação com a sua filha, ou melhora-la ainda mais. Aceitá-la como ela é, olhar para a filha sem expectativas, significa poder amá-la mesmo que seja bem diferente dos sonhos e desejos que projetamos nela. O mesmo vale para as filhas que carregam as suas mães dos desejos que esperam receber desta
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